CHAVES DA LEITURA /2012.
MACHADO DE ASSIS
Nome:
Nascimento:
21/06/1839
Natural:
Rio de Janeiro - RJ
Morte:
29/09/1908 (69 anos) no Rio de Janeiro.
Ocupação:
Escritor e jornalista.
Joaquim
Maria Machado
de Assis, cronista, contista,
dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta,
nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um
operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria
Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do
país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta,
Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola
pública, única que frequentará o autodidata Machado
de Assis.
De
saúde frágil, epilético, gago, sabe-se pouco de sua infância e início da
juventude. Criado no morro do Livramento, consta que ajudava a missa na
igreja da Lampadosa. Com a morte do
pai, em 1851, Maria Inês, à época morando em São Cristóvão, emprega-se como
doceira num colégio do bairro, e Machadinho, como era chamado, torna-se
vendedor de doces. No colégio tem contato com professores e alunos e é até
provável que assistisse às aulas nas ocasiões em que não estava trabalhando.
Foi trabalhado Vida e Obra de Machado de Assis com alunos da 1ª Série e 2ª Série do Ensino Médio na Sala de Leitura.
Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
Memórias Póstumas de Brás Cubas, conta a história de Brás Cubas a partir de
sua morte, já que inicialmente o próprio narrador observa que para tornar a
narrativa mais interessante e "galante" havia decidido começá-la pelo
fim. Ele era, portanto, não um autor defunto mas um defunto autor. Assim, o
primeiro capítulo começa justamente com a morte de Brás e seu enterro. A causa
de sua morte teria sido, oficialmente, uma pneumonia, da qual ele não cuidou de
forma correta. Entretanto, sua morte de fato deve-se a uma ideia, segundo ele,
grandiosa e útil, uma ideia que se transformou em fixação. Um dia de manhã,
caminhando pela chácara onde vivia, pensou em inventar um medicamento sublime,
um emplasto anti-hipocondríaco, destinado a aliviar a melancólica humanidade.
Para justificar a criação de tal emplasto frente às autoridades, Brás chamou a
atenção de que a cura que traria seria algo verdadeiramente cristão, além de
não negar as vantagens financeiras que o tal produto traria. Contudo, já do
outro lado do mundo, confessa que o real motivo era ver seu nome escrito nas
caixinhas do medicamento e em todas as fontes publicitárias, pois as embalagens
levariam seu nome.
Brás Cubas nasceu no
dia 20 de outubro de 1805. Foi uma grande festa para toda a família. Houvem
muitas visitas à casa e o pai estava orgulhoso por haver tido um filho homem.
Todas as informações dadas são curtas, mas revelam os mimos recebidos pelo
garoto durante toda a infância. Desde os cinco anos recebera o apelido de
"menino diabo". Reconhece ele mesmo que, de fato, foi um dos mais
malvados e travessos de seu tempo. Uma de suas diabruras foi ter quebrado a
cabeça de uma escrava porque ela lhe negara uma colher de doce de coco, quando
o menino tinha seis anos. Prudêncio, um moleque escravo da família, era seu
cavalo de todos os dias. Brás conta ainda diabruras que fazia, entretanto, nada disso parecia ter importância para seu pai, que o admirava e, se lhe repreendia
na presença dos outros, em particular lhe dava beijos. Com nove anos, o garoto
assistiu em sua casa um jantar organizado pelo pai em comemoração à derrota de
Napoleão. No final do jantar, Brás queria uma compota de doces, mas todos
estavam distraídos escutando um dos letrados presentes, o doutor Vilaça, que fazia
glosas e recebia, naquele momento, todas as atenções dos convidados. O menino
começou a pedir o doce, depois gritou, berrou e foi tirado da sala por tia
Emerenciana.
Isso bastou para que
sentisse uma enorme necessidade de vingança contra o doutor Vilaça. Ficou
vigiando-o até surpreendê-lo numa noite beijando dona Eusébia, irmã de um
sargento-mor. Para que todos soubessem, saiu pela chácara gritando o que havia
visto. Em seguida, após relatar tal episódio, Brás conta que cresceu
normalmente. Foi à escola, que ele chama de enfadonha, onde teve aulas com um
professor de nome Ludgero Barata. É justamente ali que conhece um de seus
melhores amigos de infância, Quincas Borba, com quem se reencontrará mais
tarde. Ambos garotos revelam-se travessos e mimados, já que o Quincas era filho
único, adorado pela mãe, que o vestia muito bem, mandando um pajem indulgente
acompanhá-lo a todos os lugares. Passado este período da vida do personagem,
sobre o qual ele pouco fala, revela-nos seu caso com uma prostituta espanhola,
a primeira mulher de sua vida. Brás a conheceu quando tinha dezessete anos. O
jovem estava completamente envolvido pelos encantos da bela Marcela, a quem
conseguiu conquistar, o que, contudo lhe custou muitas jóias caras e presentes
diversos. Brás confessa-se muito apaixonado neste período, motivo pelo qual o
pai enviou para estudar na Europa, receoso do envolvimento profundo do filho
com uma prostituta. Brás viaja para Portugal, onde estuda. Confessa haver sido
um estudante medíocre, mas nem por isso deixou de conseguir o diploma. Nos
tempos da universidade, apenas mencionados, preferia sair a fazer qualquer tipo
de tarefa ou estudo. O diploma que lhe conferem estava longe de representar o
conhecimento artificial que havia adquirido, artificialidade esta que marcou
toda a sua vida e as ações das pessoas que estavam à sua volta. De volta ao
Rio, Brás chega a tempo de ver sua mãe viva, mas já muito mal, à beira da
morte, por causa de um câncer no estômago.
Pela primeira vez,
deparava-se com uma perda real e confessa que até então era um presunçoso que
apenas havia se preocupado com coisas fúteis. Estava inconformado com a morte
da mãe, pois lhe parecia enorme injustiça que uma pessoa tão santa, em seu
julgamento, pudesse morrer de tão implacável doença. Por isso mesmo, após a
missa de sétimo dia, resolveu passar algum tempo numa velha propriedade da
família localizada na Tijuca. Levou consigo alguns livros, uma espingarda,
roupas, charutos e Prudêncio. Ali ficou durante uma semana, quando então já se
mostrava cansado da solidão e havia decidido voltar à cidade. Justamente neste
momento, o escravo conta ao patrão que na noite anterior havia se mudado para a
casa ao lado uma antiga amiga da família, dona Eusébia, com uma filha. Brás
reluta, não quer revê-la, já que se lembra da travessura da infância, quando
denunciara a mulher e o doutor Vilaça que se beijavam às escondidas atrás de
uma moita. Prudêncio, entretanto, recorda-lhe que fora dona Eusébia quem
vestira sua mãe já morta. Ele decide, assim, visitá-la para retornar em seguida
para a cidade. Nesse mesmo dia, pai de Brás sobe à chácara, pois quer sua volta
à vida social. Traz consigo dois projetos para o filho: uma candidatura a
deputado e um excelente casamento com uma moça de nome Virgília, filha do conselheiro
Dutra, importante político. Brás reluta, mas o pai não se deixa vencer.
Aconselha o filho,
dizendo-lhe que ele não devia ficar ali, era preciso temer a obscuridade, as
coisas pequenas. Conclui dizendo que o fundamental era valer pelo que a
sociedade pensava. Brás concorda, finalmente, com os projetos e diz que descerá
no dia seguinte, já que precisava visitar dona Eusébia. De fato, a visita à
velha amiga da família retardou a descida de Brás, que permaneceu ainda alguns
dias na chácara. Foi ali que conheceu Eugênia, a quem ele mentalmente chamava
de "a flor da moita", pois a jovem era fruto das relações ilícitas
entre dona Eusébia e doutor Vilaça. O narrador simpatiza com a jovem e, mais
que isso, pensa que pode tirar proveito da situação. Cinicamente, lembra-se
como era a mãe, motivo pelo qual espera conseguir algo da filha. Consegue, é
verdade, beijá-la, entretanto, a moça revela-se dona de enorme dignidade, o que
confunde Brás Cubas. Além disso, ele descobre que Eugênia tem um defeito de
nascença: é coxa (manca). Todos esses aspectos fazem com que ele confirme que
não se deve envolver seriamente com ela, já que, além de tudo, ela estava em
condição social inferior à sua. (Preconceito) Resolvido a terminar qualquer
tipo de relacionamento, Brás volta à cidade, disposto a acatar os dois projetos
do pai. Conhece Virgília, começam a namorar e ele está em vias de
candidatar-se. Nesse ínterim, passa por um ouvires certo dia para consertar o
vidro do relógio que lhe havia caído e depara com Marcela, que agora está com o
rosto repleto de bexigas. A beleza de sua juventude desaparecera, dando lugar à
deformação, que o narrador faz questão de descrever detalhadamente. Aquela
visão o incomoda por algum tempo, entretanto não dura muito, como praticamente
todos seus problemas. Algum tempo depois de seu noivado com Virgília, surge, de
repente, Lobo Neves, um homem inteligente e astuto, que lhe arrebata Virgília e
a candidatura. O pai não resistiu ao fracasso do filho, o que teria acelerado
sua morte, quatro meses depois, tempo durante o qual ele repetia decepcionado a
expressão "Um Cubas", inconformado com a sorte do herdeiro da família.
Passada a morte do pai, os irmãos Brás e Sabina, com a participação de Cotrim -
marido de Sabina, fazem a partilha dos bens. Arma-se uma grande e mesquinha
discussão, os dois brigam por causa da herança deixada pelo pai, desde
propriedades atá a prataria, motivo de grande desavença, pois nenhum dos irmãos
queria abrir mão da antiga relíquia da casa, usada em ocasiões importantes como
o jantar em comemoração à derrota de Napoleão. No fim da disputa, os dois
irmãos saíram brigados e já não conversam entre si. Por esta mesma época, Brás
recebe Luís Dutra, um primo de Virgília, a notícia de que ela estava voltando
de São Paulo com o marido, então deputado. Encontram-se um dia e ela estava
lindíssima. Algum tempo depois, como haviam se encontrado em dois outros
bailes, o marido de Virgília convidou Brás para uma reunião íntima em casa.
Brás, por essa época, escrevia textos literários e políticos num jornal. Foi
justamente nesta noite que os dois antigos noivos tiveram um maior contato. A
partir daí, reataram sua antiga união, sobre a qual o narrador relata vários
encontros e a paixão que sentiam naquele momento. Certo dia, foi à casa de
Virgília e encontrou-a triste, pois lhe parecia que seu marido desconfiava de
alguma coisa. Para Brás, a melhor maneira de resolver o problema era que
fugissem, mas Virgília não concordou. O marido chegou justamente nesse momento,
e ela comportou-se como se nada houvesse acontecido, tratando Brás com enorme
frieza, o que lhe dá terrível ódio de Virgília. No dia seguinte, ela o procurou
com a ideia de que eles deveriam arrumar uma casinha onde se encontrariam, um
lugar que seria só deles, já que sempre se encontravam na presença de outras
pessoas, principalmente do marido. A casinha da Gamboa foi , de fato, a saída
encontrada pelos amantes para que pudessem continuar seu romance, pois grande
parte da sociedade desconfiava de que havia algo entre os dois, por isso os comentários
estavam cada vez maiores. Assim, a casinha foi importantíssima. Ali colocaram,
D. Plácida, uma velha amiga da família de Virgília e podiam encontrar-se com
maior tranquilidade. Algum tempo depois, entretanto, Lobo Neves foi convidado a
ocupar uma presidência da província do Norte. Os amantes ficaram desesperados,
mas a saída foi dada pelo próprio marido, que convidou Brás a acompanhá-lo como
seu secretário. Estava ainda relutante, pois toda gente comentava seus amores
com Virgília. Entretanto, o próprio Lobo Neves resolveu o problema ao recusar a
nomeação. Tudo porque o decreto que o nomeava trazia o número 13, que ele
considerava fatídico por vários acontecimentos tristes de sua vida. Dessa
forma, o casal continuou vivendo seu relacionamento da mesma maneira que antes,
na casinha da Gamboa. Durante tais acontecimentos, Brás Cubas se reencontra com
Quincas Borba, que está em uma situação deplorável, tornara-se um mendigo.
Quincas acaba roubando o relógio de Brás nesse encontro. Ainda nesse período,
ocorre a reconciliação com a família, motivo de alegria para o narrador, que
volta a visitar regularmente a irmã Sabina. Ela, como sempre, continua
insistindo na ideia de que Brás precisava se casar, um homem em sua posição não
podia continuar sem um herdeiro para o nome da família. No entanto, o amor de
Brás e Virgília, neste momento, vive seu ponto máximo, já que ambos haviam
passado pela possibilidade de separação em virtude da nomeação de Lobo Neves, o
que fortaleceu o sentimento que os unia. Além disso, Virgília disse estar
grávida. Brás não perde a oportunidade de comentar que aquele era um embrião de
"obscura paternidade", imaginava-o como sendo seu filho, dono de um
belo futuro, vendo-o ir à escola, tornando-se bacharel e discursando na câmara
dos deputados. Contudo, Virgília perdeu o filho que estava esperando. Além do
mais, o marido recebeu uma carta anônima acusando os dois amantes. A mulher
negou veementemente que aquilo pudesse ter qualquer fundo de verdade, mas como
Lobo Neves ficara desconfiado, Brás afastou-se da residência do casal, mesmo
porque o espaço da Gamboa continuava resguardado. Algum tempo depois, Lobo
Neves acabou reatando suas relações com o Ministério, desgastadas devido à sua
recusa em aceitar o cargo anterior, conseguindo desta vez uma posição de
presidente de província. O narrador brinca com o número do decreto, 31 agora,
ressaltando que a simples inversão dos algarismos bastou para que a vida
tomasse novo rumo. Brás e Virgília mantém um curto diálogo antes da partida,
despedem-se e ele conta que depois que ela viajou sentiu um misto de alívio e
saudade em doses iguais. Não houve desespero, nem mesmo dor, o fato trouxe-lhe
apenas alguns poucos dias de reclusão em sua casa e uma amostra do que era a
viuvez. Morreram seu tio cônego, Ildefonso, e dois primos, pelos quais ele não
sofreu. Também nasceu sua segunda sobrinha. Segundo ele, esta era a filosofia
das folhas velhas, que caem e morrem, enquanto outras nascem.
Ele mesmo agitava-se
de quando em quando e recorria às suas cartas de juventude. Tal reclusão,
entretanto, como qualquer de seus pensamentos mais profundos, passou
rapidamente, em especial pelo reaparecimento de Quincas Borba e seu
envolvimento com dona Eulália, chamada familiarmente de Nhã-Loló. A jovem tinha
dezenove anos, era filha de Damasceno, faltava-lhe certa elegância, segundo
Brás, mas tinha belos olhos e uma expressão angelical. O narrador conheceu-a
ainda quando Virgília estava no Rio de Janeiro e estava grávida. Sabina
insistia na ideia de que Nhã-Loló seria uma excelente esposa para o irmão, que
se esquivava por aquela época. Contudo, Quando se deu conta, estava
praticamente nos braços da jovem e acabaram noivos três meses após a viagem de
Virgília. Acontece, porém, que a jovem morreu repentinamente, antes do casamento,
fato que nos vem anunciado não pela voz do narrador, mas sim pela apresentação
do epitáfio. Em relação ao Quincas, ele reaparece após ter recebido uma herança
e voltado a ocupar boa posição social. O narrador observa que o amigo está com
um comportamento um pouco estranho. Quincas defende uma filosofia criada por
ele mesmo, o Humanitismo. Diz o filósofo que o mundo é uma projeção de
Humanistas, que seria a substância de todas as coisas existentes, da qual elas
emanam e para qual convergem. Dito de outra maneira, para ele, todos os homens
são iguais entre si, já que trazem consigo uma parte da tal substância original
e todas suas atitudes têm uma explicação que busca o equilíbrio do mundo, mesmo
que por meio da guerra e da violência, já que tudo deve voltar para onde
começou. Nesse sentido, ainda na visão do filósofo Quincas Borba, mesmo aquilo
que nos parece negativo tem uma função essencial. Segundo o seu sistema, a dor
e o sexo são excluídos do mundo, enquanto a guerra, a fome e outras formas de violência
existem para que o meio possa selecionar aqueles que são mais fortes. Os mais
fracos não sobrevivem e assim deve ser. Além de tudo, devem sentir-se felizes
também, já que estão tomando parte do sistema dos Humanistas. Em outros termos,
estes mais fracos, mesmo derrotados, estariam servindo de alguma maneira, ao
princípio do qual descendem, que prevê tais injustiças como forma de equilibrar
o mundo ou até mesmo de quebrar a monotonia universal. Brás Cubas, desde que
conhece os princípios do Humanitismo até o final de sua vida, esteve tentando
entender melhor tal sistema, sempre relacionando-o a algum acontecimento
cotidiano de sua vida, questionando sua validade ou não. Articula, então, uma
série de teorias e preocupações filosóficas, presentes inclusive em seu
delírio.
Ali também a onça mata
o novilho, pela sobrevivência, o mais forte vence o mais fraco. Segundo o
Humanitismo, não há outra saída para a existência, de maneira que mesmo as
coisas negativas devem ser vistas como necessárias e justificadas, por fazerem
parte do sistema universal, por saírem daquela tal substância básica da qual
saímos todos e para a qual voltaremos, segundo Quincas Borba. Quincas será um
personagem com quem Brás se encontra muitas vezes a partir desse momento até
sua morte. Quanto à vida diária, depois de algum tempo Brás tornou-se deputado
e Lobo Neves voltou ao Rio. Ambos estavam na mesma câmara e Brás ouvia um
discurso proferido pelo marido de Virgília. Não sentiu nenhum tipo de remorso e
reencontrou a antiga amante num baile em 1855. Observou que continuava muito
bonita, ainda que fosse, claro, uma beleza diferente. Os dois conversaram
muito, mas sem falar do passado. Brás teve alguns momentos de reflexão e uma
certa tristeza. Tinha cinquenta anos! Mas o Quincas garantiu-lhe que ele não
poderia estar preocupado, já que era a idade da ciência e do amadurecimento.
Brás decidiu então que participaria de maneira mais ativa nas discussões, já
que tinha sido sempre um político afastado dos problemas, assim como era na
vida pessoal. Almejava o cargo de ministro, coisa que também não conseguiu e
nem mesmo a explicação através de Quincas sobre o Humanitismo, foi capaz de
animá-lo. Passado algum tempo, Brás recebe uma carta de Virgília pedindo-lhe
que vá ver dona Plácida, que está morrendo na miséria. Ele pensa recusar, mas
acaba indo, ajuda a mulher que serviu de alcoviteira durante tanto tempo. Morre
dona Plácida e Brás decide fundar um jornal, que era uma aplicação política do
Humanitismo.
Era um jornal oposicionista, o que preocupou
Cotrim, que rompeu relações com o cunhado. Algum tempo depois, morreu Lobo
Neves, Brás Cubas reconciliou-se novamente com o cunhado e filiou-se a uma
Ordem Terceira, responsável por ajudar as pessoas necessitadas. Cansou-se
depois de alguns meses. Na Ordem Terceira encontrou Marcela, que morreu no
mesmo dia em que ele visitava um cortiço no qual encontrou Eugênia, segundo
ele, tão coxa como a deixara e ainda mais triste. Finalmente, Brás conta que
Quincas partiu para Minas Gerais algum tempo antes e, ao voltar, estava louco.
E, o mais triste e paradoxal, tinha consciência de sua loucura. O narrador
explica que entre a morte do Quincas Borba e a sua aconteceram os episódios
narrados no começo do livro, em especial a ideia fixa da criação do emplasto
Brás Cubas. Conclui sua longa e entrecortada narrativa através de um capítulo
que busca resumir a vida pela negação: não alcançou a celebridade, não foi
califa, não se casou, não foi ministro. Entretanto, observa que a negação
também pode ser positiva: não padeceu a morte de Dona Plácida ou a demência do
Quincas Borba. Assim, alguns leitores até poderiam imaginar que ele saiu quite
com a vida. Mas não. A negativa última revela o ceticismo do narrador em
relação ao mundo, diz que ao não ter o filho seu saldo positivo, pois assim não
transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria.
Trabalho realizado pelos alunos do 2ª B (Mayara, Merielen, Thainara e Amanda)
Trabalho realizado pelos alunos do 2ª B (Alexandre, Igor, Caroline, Fernanda, Igor Paulucci e Fernanda Cristina)
Trabalho realizado pelos alunos (Amanda Tozzo, Mariana Caioá, Pedro Garcia e Gabriel César)